Resenha: O Morro dos Ventos Uivantes



Título: O Morro dos Ventos Uivantes
Autor: Emile Brontë
Editora: Lua de Papel (Leya)
Páginas: 292



"Na fazenda chamada Morro dos Ventos Uivantes nasce uma paixão devastadora entre Heathcliff e Catherine, amigos de infância e cruelmente separados pelo destino. Mas a união do casal é mais forte do que qualquer tormenta: um amor proibido que deixará rastros de ira e vingança. "Meu amor por Heathcliff é como uma rocha eterna. Eu sou Heathcliff", diz a apaixonada Cathy. O único romance escrito por Emily Brontë e uma das histórias de amor mais belas de todos os tempos, O morro dos ventos uivantes é um clássico da literatura inglesa e tornou-se o livro favorito de milhares de pessoas."



Essa sinopse faz juz ao livro apenas na última frase. Se estiver procurando uma grande história de amor, com cenas românticas, troca de olhares e beijos arrebatadores, não leia “O Morro dos Ventos Uivantes”.


O livro é o diário do Sr. Lockwood e se inicia com a narração de sua chegada à Granja dos Toldos, um lugar afastado da cidade, com uma bela casa de campo. Sua primeira ação foi visitar o dono do local, o Sr. Heathcliff, que mora a algumas milhas, no Morro dos Ventos Uivantes. A recepção é fria e forçada, o que desperta em Lockwood  certa curiosidade em relação àquele homem. Decide voltar no dia seguinte e é obrigado, pela tempestade, a passar a noite ali. No quarto, abre um dos livros e encontra as anotações pessoais de alguém chamada Catherine. No parapeito da janela, lê “Catherine Earnshaw”, “Catherine Heathcliff”, “Catherine Linton”. Adormece com os nomes no pensamento e tem pesadelos com uma jovem. Desesperado, procura sair o quanto antes daquela casa, mas não vai sem antes conhecer os outros habitantes. 

Por voltar à Granja dos toldos em meio à neve, contrai uma doença que o deixa acamado por um tempo. É nessas semanas que Nelly, a governanta, lhe conta a história dos Earnshaw, dos Linton e de Heathcliff. Começou pela “adoção” deste pelo Sr. Earnshaw, que já possuía dois filhos: Catherine e Hindley, e prosseguiu narrando suas vidas.

Nelly esteve presente no dia-a-dia de todos os personagens, o que lhe permite fornecer detalhes íntimos. Mas apesar dessa narração bem feita, senti falta de conhecer um pouco mais os pensamentos de cada um deles. Ela conta o que ouve e o que vê, mas não é onisciente. É difícil definir de uma forma mais exata a personalidade de alguns personagens.

A causa das doenças e das mortes é algo que não tem muito a ver com a realidade atual, mas fazia sentido em 1800. “Febres”, nervoso em excesso e o fato de ter uma saúde frágil, foram motivos para vários desastres.

O amor está presente, mas o clima é sempre de sofrimento. Não apenas aqueles pensamentos de “Eu o amo e não posso tê-lo”, mas um sofrimento revelado pela degradação dos bons sentimentos, a decadência de vidas manipuladas.

" - Ele... completamente sozinho! Nós dois... separados! - exclamou ela, indignada. - E quem vai nos separar, não me dirás? Quem tentar terá o destino de Milo! Não enquanto eu for viva, Ellen... nenhum mortal vai conseguir isso. Mais depressa sumiriam da face da Terra todos os Linton do que eu permitiria separar-me do Heathcliff" [Página 74]

É um livro que não provoca emoções positivas no leitor, não é uma leitura confortável. Passei a gostar dele apenas nas últimas setenta páginas, mas não me arrependi de ter lido.

É difícil citar um personagem favorito, não gostei muito de nenhum. Na falta de melhor opção, diria que foi o Hareton, pela pureza de sua essência.

Uma obra muito bem escrita, que cumpre com louvor o objetivo de mostrar outras faces dos sentimentos humanos. Vai além de amor e ódio, inveja ou ciúme, alegria e tristeza. Traz uma mistura de tudo, expressa em ações ora esperadas, ora impensadas pelo leitor.

O limite entre a loucura e a lucidez é tênue, chegando a ser impossível distingui-las em certos momentos.

Apesar de cansativa, a leitura vale a pena. Aconselho para pessoas que gostam de histórias marcantes e estejam bem psicologicamente. Não serve como uma distração de fim de semana. 

" - Não tenho um pingo de compaixão! Não tenho um pingo de compaixão! Quanto mais os vermes se enroscam, mais me divirto em esmagá-los!" [Página 132]

A parte boa para mim foi que o próprio livro se encarregou de reordenar meus pensamentos que ele havia perturbado. O final não deixa aquela sensação de vazio, de abandono, de que falta alguma coisa. Funciona como um círculo, se completando e compondo um final, não da história em si, mas do drama levantado por ela.

4 comentários:

  1. Eu particularmente amei o livro quando o li, me deu vontade de ler de novo, talvez eu goste tanto dele, porque a tragicidade muito me atrai.

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    1. Eu gostei do livro, mas acho que não estava em um bom momento para lê-lo.

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  2. Concordo com você em tudo, li esse livro já faz muito tempo e confesso que gostei bastante, mas realmente não é um livro leve, e para ajudar a leitura é bem cansativa. Enfim, adorei a sua resenha:)

    Beijos&beijos
    Book is life

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