Resenha: Fallen Angels - Cobiça

  

Título: Fallen Angels - Cobiça

Autor: J. R. Ward

Editora: Universo dos Livros

Páginas: 496

 

“Sete pecados capitais. Sete almas afetadas por esses pecados. Sete pessoas em uma encruzilhada, com uma escolha que deve ser feita. E somente um homem para salvá-las metade anjo, metade demônio.

Redenção não é uma palavra que Jim Heron conheça muito bem. Sua especialidade é a vingança e o pecado é seu amigo mais próximo. Mas tudo muda quando ele se torna um Anjo Caído e é encarregado de salvar a alma de sete pessoas de sete pecados mortais. E o fracasso não é permitido.

Vin diPietro há muito tempo vendeu sua alma para os negócios, e é o melhor em sua profissão – até que o destino interfere na figura de um durão que pilota uma moto Harley e se autoproclama seu salvador. E então ele conhece uma mulher com olhos azuis e um passado sombrio que o faz questionar seu destino, sua prudência e seus sentimentos. Com um antigo demônio pronto para possuí-lo, Vin tem que se unir com um Anjo Caído não apenas para conquistar sua amada… mas, também, para redimir sua alma.”

Mais uma obra que superou minhas expectativas, não por ser excepcionalmente brilhante, mas porque não esperava nada muito além dos clichês.

Diferente do que parece ao se olhar a capa e se inteirar do tema, não se trata de mais um romance adolescente, com aquele drama de um amor impossível (que acaba sendo possível) que desafia as leis do céu e coloca todos em perigo. É um romance adulto, que traz a tona feridas da sociedade, como corrupção na polícia e prostituição.

Apesar de ter como plano de fundo a velha ideia de salvar o mundo, esse não é o foco da obra. O leitor fica ciente de que o objetivo final de Jim Heron é salvar a humanidade de um destino cruel: uma existência dominada pelos demônios. Porém, isso não é retomado muitas vezes, o personagem não fica remoendo sua missão, ele se concentra em realizar a primeira das sete tarefas, ajudar Vin diPietro a salvar sua alma.

A narração é em terceira pessoa, mas não existe um narrador onisciente. Cada capítulo ou trecho é descrito a partir da visão de um personagem específico. Tomamos ciência da situação do ponto de vista desse personagem, conhecendo seus pensamentos e, consequentemente, um pouco mais sobre sua personalidade.

Os três personagens centrais são Jim Heron, Vin DiPietro e Marie-Terese. O primeiro, um ex-soldado cheio de mistérios, que trabalha como carpinteiro e tem uma Harley quebrada na garagem. O segundo, um empresário muito rico que vive para seus negócios e pretende se casar com Devina, uma linda mulher que mais representa um item que se encaixa em sua vida, do que alguém com quem sonha viver. E a terceira, uma mulher decidida a fugir do seu passado e proteger o que mais ama na vida.

No início da trama, somos apresentados à vida rotineira de cada um e, mais adiante, vemos seus destinos se interligarem.

Ao contrário do que consta na capa do livro (sinopse acima), Jim Heron não é metade anjo e metade demônio no sentido literal, nem um anjo caído (pelo menos nesse livro). Jim carrega dentro de si os ideais de ambos, mas é apenas um humano. Também não é retratado como  um aspirante a herói. O que o move a aceitar sua missão e tentar seguir o caminho dos anjos não é a vontade de salvar o mundo ou o peso da responsabilidade que lhe foi incumbida, sua motivação é puramente particular, o que o torna ainda mais humano.

O livro confunde um pouco quanto ao futuro da humanidade, caso Jim não cumpra sua missão. No prólogo, única parte do livro narrada na visão dos demônios, é dito que o mundo seria dominado por eles e todas as almas lhes pertenceriam. Já no decorrer da história, quando Jim recebe sua missão, é dito a ele que tudo desapareceria e seria como se a humanidade nunca tivesse existido.

Várias frases dos livros estão escritas de uma maneira desconfortável de ler, passando a impressão de que as palavras estão fora de ordem e, mesmo não tendo lido o original em inglês, acredito que tenha sido um problema de tradução.

No que se trata do enredo, por mais que seja uma fantasia, a construção dos personagens e o retrato da sociedade é o mais realista possível. Não existe um príncipe encantado e a donzela em perigo, além de não ser donzela, é alguém que está lutando por sua vida e age racionalmente, nada de ficar páginas e páginas refletindo sobre o seu amor e sobre como sua vida é sofrida. Apesar das 496 páginas, não é um livro cansativo. Possui cenas picantes e uma dose de sangue. E, a medida que vamos desvendando os mistérios que envolvem cada personagem, fica impossível parar de ler.

Um livro com tudo que mais gosto: fantasia, mistério, romance, ação e personagens que eu poderia encontrar por aí.

Pode-se dizer que ficaram algumas pontas soltas quanto aos mistérios sobrenaturais que envolvem Vin diPietro, mas eu não encaro como uma falha. É apenas a reafirmação da realidade na história. Em nossas vidas, nunca temos a resolução de todos os mistérios que nos rodeiam, não é para tudo que se consegue uma definição ou uma justificativa. Algumas coisas não existem para serem compreendidas, e nem precisam ser, basta aceitar a realidade como ela é e lutar, dentro de nossos limites, para tornar parte dela o sonho que nos faz sorrir.