Vicissitude

A vida está em completa mudança. O corpo muda. O pensamento muda. Mudam os gostos, as preferências, as prioridades... e mudam as pessoas que estão ao nosso redor. Mudam porque nós mudamos, mudam porque elas mudam, mudam porque muda o mundo que nos cerca.

Mais o mais belo é que as mudanças nos ensinam, nos acrescentam, nos incrementam. Até as piores perdas, nos mostram que existiu algo a mais. Você olha partes da vida e enxerga o vazio do que já não existe. Mas então olha para si mesmo, e encontra presentes que fazem parte de você.

Escolhas podem transformar nosso mundo de maneira sísmica, uma única mudança, pode ser a mudança de tudo. Surgem os questionamentos de “por que agora” ou “por que nunca”, e as respostas estão nas próprias mudanças. Nosso próprio querer está condicionado a elas. Não se julga o passado pelo presente, nem se presume o futuro pelo passado. Tudo o que temos são hipóteses, nenhuma verdade absoluta.

Cada pessoa é complexamente diferente da outra, o que torna impossível a empatia completa. E quando pensamos finalmente conhecer alguém, já não conhecemos mais. Se é difícil acompanhar as mudanças em nós mesmos, como tentar ligar os pontos na vida de outro ser?

E assim seguimos caminhando. Pontes instáveis, florestas não desbravadas, alguns portos seguros, lugares já conhecidos onde mudaram as estações, novas paisagens… Cada passo com um pitada de incerteza, cada pequena mudança em busca do conhecimento de um mundo diferente ou mudado. Como disse o grande Guimarães Rosa:

"o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia"